Comemorei o meu aniversário de 40 anos no restaurante Gold, localizado no bairro de Green Point, em Cape Town. Além de provar muitos pratos típicos da África, ganhei um emocionante “Parabéns pra você” cantado em xhosa, um dos idiomas oficiais da África do Sul.
“Você já reservou seus restaurantes em Cape Town?”, perguntou a querida amiga Flávia Máximo, quando falávamos sobre minha viagem de março de 2024 – ela estava me ajudando a reservar o safári.
Respondi que não. E contei que, até então, o único plano nesse sentido era jantar no Willoughby & Co no dia do meu aniversário, mas estava aberto a sugestões.
“Então, seu aniversário será no Gold”, decretou a Flávia.
ÍNDICE:
- O que esperar do restaurante Gold
- Como funciona o jantar no Gold
- O cardápio do Gold
- Os pratos favoritos
- Mais pratos do Gold
- Aniversário no Gold
- Apresentações
- O grande artista
- Apoteose
- Serviço
O que esperar do restaurante Gold
Do ponto de vista da culinária, a África se divide em três grandes regiões: Norte, Subsariana e Sul. E a intenção do Gold é mostrar essa diversidade, apresentando 14 pratos de vários cantos do continente. De quebra, a experiência é incrementada por diversos atos de dança e música.
É uma pegada diferente do Mama Africa, por exemplo. O famoso restaurante da Long Street (Centro de Cape Town) tem como marca as carnes de caça, como springbok, crocodilo e kudu.
Sobre a experiência no restaurante Gold, é difícil tirar o rótulo de “programa de turistão”, eu sei. Olhando de longe, parece ter o estilo da finada Churrascaria Plataforma, no Rio. Ainda mais quando se veem mesas com grandes grupos de europeus e clientes que conversam entre si durante as canções mais intimistas. Entretanto, recomendo que você vá lá desarmado, sem preconceitos. Dessa forma, são grandes as chances de se ter uma noite divertida e até mesmo emocionante.
Como funciona o jantar no Gold
O Gold abre apenas para o jantar e não é um restaurante convencional, no qual se reserva o horário que quiser. É como teatro ou cinema: você precisa estar lá na hora de começar. Pouco antes das 18:30, dois músicos iniciam uma apresentação de percussão no palco do térreo. Ao mesmo tempo, as garçonetes oferecem pinturas nos rostos dos clientes.
Na sequência, os mesmos músicos do palco começam uma aula de percussão com djembê – em termos leigos, uma espécie de tamborzinho, um pequeno tantã. Quando você chega no Gold, há um instrumento em cada cadeira.
Nesse momento, você só tem como pedir bebidas. Escolhemos a sidra Savanna Dry e, depois, uma garrafa de Chenin Blanc. Já os pratos começaram a chegar por volta de 19:30. Eles vêm, geralmente, de três em três e são servidos em pequenas porções.
Enquanto a gente come, acontecem apresentações no palco e, depois, os artistas fazem performances entre as mesas.
O cardápio do Gold
É aí que está uma diferença importante para o menu do Mama Africa, onde as atrações são as carnes de caça, como springbok, crocodilo e kudu. A maioria das cozinhas tradicionais da África tem pouca carne em suas receitas. Quase todos os ingredientes são orgânicos, como grãos, frutas frescas e vegetais. É uma dieta bem nutritiva.
Assim, quase todos os pratos do restaurante Gold acabam sendo vegetarianos. Já os que têm carne, como a de avestruz, oferecem opções vegetarianas.
É importante lembrar que você pode pedir mais porções das comidas que mais gostar, e sem custo adicional.
Os pratos favoritos
Naquela noite, a primeira leva de porções teve uma salada com carne de avestruz (Namibian Seared Ostrich Salad), que, por sinal, é leve e tem pouca gordura. Também veio um patê de snoek – peixe encontrado na costa de Cape Town – acompanhado por um pãozinho chamado roosterkoek, que tem origem no povo Khoi, nativo do sudoeste do continente.
O roosterkoek foi uma das iguarias que pedimos para repetir, junto com o Venison Tomato Bredie, um saborosíssimo cozido com pedaços de carne de springbok – antílope que dá nome à seleção masculina de rugby.
Outro prato que ficou entre meus favoritos foi a Moroccan Chicken Almond Pie. É uma trouxinha de massa folhada recheada por pedaços de frango temperados com ras el hanout.
Também provei as Piri-Piri Chicken Wings. Ali, não havia mistério: eram asinhas de frango. Elas vêm acompanhadas por uma grande pimenta piri-piri. De origem moçambicana, a palavra “piri-piri” vem do idioma suaíli: piri significa pimenta.
Mais pratos do Gold
Também passaram pela nossa mesa as Imfino Patties, prato tradicional do povo xhosa. É uma espécie de almôndega feita de milho e imfino, um espinafre selvagem. Ele vem acompanhado pelo molhinho de amasi (um tipo de leite fermentado consumido por povos como xhosa e zulu). Esta iguaria surgiu no sul do continente, em locais que não têm acesso a refrigeração.
A viagem gastronômica daquela noite também teve, entre outras iguarias, o North-African Sorgham with Cauliflower (cereal sem glúten consumido há milênios na Etiópia e Sudão) e o East African Kuchumbari, uma salada com tomates e cebola, originária da região dos Grandes Lagos.
Já a sobremesa trouxe sabores da cozinha Cape Malay, tradição da comunidade muçulmana da Cidade do Cabo. São servidos Karamonk Biscuits, biscoitos crocantes e picantes, com raspas de laranja e cardamomo.
Aniversário no Gold
Em um momento da noite, uma garçonete passa pela mesa perguntando se há alguma celebração. Naquele 20 de março, o meu parabéns chegou no final do jantar, junto com uma taça de espumante.
Foi tudo inédito pra mim, tanto o “Happy birthday” em inglês como o “Parabéns pra você” cantado em xhosa. Por toda a relação com a África do Sul, esse último bateu diferente. Um dos momentos mais emocionantes entre todas as minhas viagens.
Pra ficar ainda mais especial, o “dj” do restaurante tocou a versão de Miriam Makeba para “Chove Chuva”. Que bom que a Flávia sugeriu o Gold antes da minha viagem.
Apresentações
Os atos de música e dança no jantar do Gold acontecem, primeiro, no palco. Depois, há apresentações entre as mesas por todo o restaurante. Essas performances não são nada aleatórias. Todas têm um significado, um enredo.
A primeira apresentação é inspirada nos fantoches do Mali. Liderada pelo artista Yaya Coulibaly, mostra a tradição do povo Bamana. Bonecos e máscaras são como mensageiros entre a terra e o mundo espiritual. Soa familiar?
Mais adiante na noite, é a vez de um show de dança. Ele representa um duelo entre guerreiros e dançarinas, uma demonstração da força de homens e mulheres da África.
Já a última performance é um animadíssimo tributo a rainhas e reis do continente. A protagonista é a Rainha-Mãe da tribo Akhan, que canta lindamente enquanto joga pelo ar uma espécie de pó de ouro, um símbolo de poder e prosperidade.
O grande artista
Além dessas apresentações, havia um multiinstrumentista bem talentoso que voltou ao palco várias vezes. Ele dava uma breve explicação sobre os instrumentos e tocava canções autorais e intimistas, sempre de olhos fechados.
A primeira música, aliás, fora composta cinco dias antes. A inspiração foi seu coração partido.
Apoteose
O fim da noite não tem nada de intimista. O músico que comanda a aula de percussão lá do início retoma o comando. Então, convida espectadores para o palco, onde tem início uma aula de coreografia da música “Jerusalema”, sucesso sul-africano que viralizou durante a pandemia. E é claro que subi lá, com toda a minha absoluta falta de ritmo e jeito.
Serviço
- É necessário reservar. Faça pelo site, WhatsApp +27 (0) 21 421 4653 ou e-mail info@goldrestaurant.co.za.
- Programação: Aula de djembê (18:30 às 19h) e jantar (19h às 22h).
- O jantar custa 475 rand/pessoa (bebidas não inclusas). Crianças até 12 anos pagam metade. A aula de djembê é opcional e custa 130 rand/pessoa.
- Endereço: 15 Bennett Street, Green Point, 8005.
- Como chegar: Uber. Caso opte por um táxi, chame por telefone ou pelos aplicativos próprios de companhias como Unicab, Intercab (021 44 777 99) e Excite.
- Site oficial; Instagram.
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