Veja o que fazer em Port St. Johns, a maior e mais grata surpresa da viagem que fiz pela África do Sul em 2014.
Como fui parar em Port St. Johns
Port St. Johns estava nos meus planos desde o início da viagem de novembro de 2014. Cheguei a reservar o Amapondo Backpackerm, mas tirei do roteiro porque não teria tempo de conhecer com calma tudo da Wild Coast. Bulungula foi pelo mesmo caminho.
Entretanto, após a confusão com o hostel de Coffee Bay, liguei da estrada mesmo para o hostel de PSJ e corri para o litoral. Depois de tantos quilômetros e problemas naquela segunda-feira, a sorte começou a mudar.
Chegando em Port St. Johns
O ônibus da Greyhound chegou com mais de 2h de atraso ao posto Shell Ultra de Mthatha, o ponto de encontro no qual a van do Amapondo Backpackers me buscaria por volta de 15h. Passei um pouquinho da hora.
“Tem tempo de comprar um lanche no Steers?”, perguntei.
“Claro. Vá sem pressa!”, respondeu o motorista do minibus (lotação).
Finalmente, com minha Coca e hamburger em mãos, partimos naquela van. Até Port St. Johns seriam cerca de 2h, percorrendo uns 100 km.
O legal é que não era um shuttle convencional, mas, sim, uma lotação comum. Ainda em Mthatha, começou a parar em toda esquina, buscando gente. Em poucos minutos, me vi cercado de pessoas falando apenas em xhosa, a “língua dos cliques”. Daqueles momentos que compensam os perrengues.
O primeiro contato
Foi uma segunda-feira longa. Saí às 6h e pouco do hostel de Durban e pouco depois das 17h estava finalmente fazendo o check-in no Amapondo. O que fazer numa hora dessas? Correr pra praia, mesmo com frio e tempo nublado.
São uns 2 minutos de caminhada até a Second Beach. Foi bom pisar na areia depois de tanta estrada. Naquela hora, só havia eu, uma vaca na calçada e umas meninas dançando balé meio longe.
Voltei pro hostel e, aí sim, comecei a conhecer o lugar. É no mato, bem no pé da montanha e bem confortável. Tudo por lá é meio rústico sem ser tosco. E vale destacar a cama, uma das mais macias da viagem.
O clima do hostel de Port St. Johns
Depois do banho, fui pro bar. Sentei no balcão, pedi uma cerveja e, depois, um vinho da casa, que o pessoal do lado tava bebendo. Não é preciso muito para fazer amigos num hostel. Em poucos minutos, já tinha estava conversando com duas alemãs (“Brasil? Que coincidência! Vamos passar o Ano Novo no Rio!”) e dois guias do Amapondo.
Próximo passo: drinking games. Não vou lembrar as regras, só sei que envolvia baralho e cada carta representava uma ação. Quando acabou, a mesa reunia o pessoal do balcão, as estudantes de Stellenbosch (aquelas do balé da praia) e uns escoceses.
O que fazer em Port St. Johns: trilha para curar ressaca
Na manhã seguinte, estava cansado da estrada e com ressaca. Solução? Trilha pra Bululo Waterfall, que começa nos fundos do Amapondo e vai 40 minutos morro acima. Fui com Nick, o guia, e as “meninas do balé” (uma francesa, três holandesas e uma alemã).
A subida é tranquila e você passa sobre alguns canos. É que o reservatório da cidade fica um pouco acima do ponto mais alto que chegamos.
A grande atração dali é o cliff de 11 metros. Dá pra pular sem medo, pois o rio é bem profundo. Foi incrível. Saí renovado daquela água congelante, pronto pra outros 10 drinking games.
Subindo um pouco mais, chegamos a uma pedra bem escorregadia, onde dá pra fazer esquibunda. Só fique atento porque há umas pequenas cobras por ali. No caminho de volta, ainda há um cipó, onde terminei de me ralar todo.
O que fazer em Port St. Johns: corrida na praia e montanha
Depois do ótimo almoço, caí no sono e fui acordado por um macaco de bolas azuis roubando as laranjas das meninas. Fica a lição: nunca deixe frutas ao lado da porta aberta em um hostel no mato.
Justamente naquela hora, três delas sairiam pra correr, e me chamaram. Senti o peso da rotina de gula e álcool dos seis dias anteriores. Cheguei ao topo do morrinho com bastante dificuldade, enquanto elas estavam inteiras. Foi ali que me contaram que participavam de maratonas.
Enquanto pegava um ar, fiquei vendo a holandesa Gabriella atravessar uma passagem estranha (The Gap) e subir uma escada de aparência frágil para chegar ao Blow Hole. A princípio, é só um lugar em que a água bate na pedra e sobe. Entretanto, placas no chão dão a noção do perigo. Pelo que entendi, eram tributos a pessoas que morreram afogadas ali. A maioria delas desapareceu.
Mais uma razão para a Second Beach ser considerada perigosa. Aliás, ela é considerada a mais mortal do mundo em virtude do número de ataques de tubarão. Até procurei lá do alto, mas não vi nenhum. O povo local, por sua vez, não parecia tão preocupado. Na manhã daquele dia, havia visto muita gente entrando na água.
Aquela corrida acabou fechando minha passagem pela cidade. Na manhã seguinte, a turma de Stellenbosch foi embora em direção a Durban, e eu virei o único hóspede no Amapondo. Depois do almoço, também parti. Só que meu destino era, acredite, Coffee Bay.
A cozinha do hostel
Não posso terminar o post sem falar na cozinha maravilhosa do Amapondo. Tinha lido coisas muito positivas nos reviews antes da viagem e, realmente, a fama se justifica. A pizza é espetacular, e o chicken mayonnaise (ou apenas chicken mayo), acompanhado das onipresentes batatas fritas, cai bem no café e no almoço.
Aliás, fazer as refeições olhando pra praia faz você pensar duas vezes antes de sair de Port St. Johns. Ah, os pedidos demoram um pouco. Na verdade, muito. Uma eternidade. Mas, pressa pra quê? É dela que você está fugindo.
Hospedagem em Port St. Johns
O Amapondo Backpackers é um ótimo hostel. Conforto surpreendente para um hostel de praia/mato.
Pontos positivos 🙂
Cozinha: Como falei, demora, mas vale a espera. Todos os pratos que comi foram de uma qualidade impressionante. O vinho misterioso que fica perto do balcão também é bom.
Quartos: Fiquei num dorm pra 12 pessoas. Grande e espaçoso, tem camas confortáveis (as do “segundo andar” são bem altas) e bom número de tomadas.
Banheiros: Apesar do aspecto “rústico”, são limpos e os chuveiros funcionam bem. Água quente sem miséria.
Localização: O Amapondo é pra quem não quer nada urbano. Fica colado na praia, num ponto mais elevado, o que garante uma vista bem agradável nas refeições. E ainda se ouve o mar do quarto. Perfeito pra quem estava saindo de 2,5 anos morando em São Paulo ouvindo a sinfonia da Av. Jabaquara.
Staff: Muito atencioso e eficiente. Tem toalhas para emprestar. Até quando precisei de protetor solar me arranjaram um.
Atividades: Só fiz a trilha da Bululo Waterfall, mas também há um sundowner (pôr do sol) no alto de uma montanha, visita a uma comunidade xhosa, canoagem, entre outras.
Transporte: É o mesmo esquema de outros hostels da Wild Coast: uma van normal, de lotação, busca você no posto Shell Ultra de Mthatha.
Pontos positivos :/
Localização: Não chega a ser um ponto negativo, mas o Amapondo fica afastado do centrinho de PSJ. Se quiser comprar algo num mercado, por exemplo, o jeito é pegar uma lotação na porta do hostel.
Só vi um pouco do Centro de Port St. Johns pela janela da van, na volta. Pra falar a verdade, vi mais coisas da cidade quando ela aparecera no “Costas Sul-Africanas”, do Discovery.
Estrada: Ao sair da estrada principal, em Mthatha, a qualidade do asfalto piora muito. Felizmente, estavam fazendo obras no trecho mais próximo a PSJ. Melhoras à vista.
Transporte: Como é uma lotação comum, talvez seja meio chato para mulheres que vão sozinhas ou em dupla, especialmente as europeias. As alemãs falaram que, de vez em quando, enchiam o saco delas.
Vida selvagem: Novamente, não se trata exatamente de um ponto negativo, mas é bom ter atenção com a porta do quarto. Mantenha-a sempre fechada. Há sempre macacos rondando a área. É comum ouvi-los andando sobre o telhado (normalmente, o que me acordava de manhã).
Wi-fi: Fraco, mas você está ali para desconectar-se, certo?
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