Saí de Durban para Coffee Bay, mas acabei parando em Port St. Johns. O perrengue pela Wild Coast gerou um improviso que consertou minha viagem.
O único momento da viagem de 2014 em que posso dizer que passei perrengue foi durante a ida de Durban para Coffee Bay. Como não aconteceu nada grave, acho até que “perrengue” é uma palavra forte. Melhor dizer que tudo não passou de um delicioso imprevisto, pois acabou gerando a maior surpresa daquele mês.
Por isso, o post vai falar como era o plano inicial para chegar na Wild Coast sul-africana, além da viagem no confortável ônibus da Greyhound e a mudança de rota no meio da estrada.
PLANEJANDO A IDA PARA COFFEE BAY
A ideia inicial era pegar o Baz Bus para sair de Durban. Ele me deixaria no posto Shell da cidade de Mthatha, onde uma van do hostel de Coffee Bay buscaria os hóspedes por volta de 15h.
Primeira mudança: pegar o ônibus da Greyhound. Sugestão do Ben, gerente do hostel Tekweni. Segundo ele, sairia mais barato que o BB. E saiu mesmo: 410 rand, cerca de 100 reais.
Como não existe transporte direto para Coffee Bay, nada mudaria na ida para a Wild Coast. Eu desceria na mesma parada em Mthatha, esperando o shuttle.
NÃO TENHO CARRO, NÃO TENHO TETO
Na véspera da minha partida, os caras da recepção me ajudaram a fazer a reserva no “backpackers” Coffee Shack de Coffee Bay. Ligaram pra lá e ouviram que não seria possível, pois estava faltando luz naquela manhã.
Tentamos de novo no fim da tarde, e não havia mais vagas. Acabei fechando com o Sugarloaf. “‘Pão de Açúcar’… Ah, sou do Rio. Tô em casa!”, pensei. A coincidência me deixou feliz.
RODOVIÁRIA DE DURBAN
Cheguei cedo na rodoviária de Durban, que é bem próxima ao Tekweni. O táxi não custou quase nada. Não espere o luxo de um aeroporto Charles de Gaulle. Ela é sujinha como quase todo terminal de ônibus. Com a barriga vazia, arrisquei: comprei um salgado e um daqueles horríveis sucos de laranja (são todos ruins na SA) na única lanchonete aberta.
Felizmente, a sala de embarque da Greyhound é organizada e a empresa é pontual. Gostei da organização das bagagens. Como a linha era Durban-Port Elizabeth-Cape Town, com milhares de paradas, as malas não iam todas juntas. Minha mochila, por exemplo, ficou num bagageiro que era rebocado pelo ônibus.
Já o busão era bem familiar. Dois andares, como o da 1001. Fabricado pela Marcopolo. Sim, igualzinho aos que tanto peguei nos 2 anos e meio de Via Dutra. E ainda consegui a primeira fileira do segundo andar, com bastante espaço. Tudo estava dando certo.
A JORNADA PARA MTHATHA
Pra melhorar, ainda tinha uma espécie de comissário de bordo, que passava oferecendo água, café, chocolate quente e biscoitos nas primeiras horas de viagem. Nem as obras pela estrada, que adicionaram 2h às 6h30min inicialmente previstas, me aborreceram.
A melhor parte do trajeto é o início, quando o ônibus vai pelo litoral e passa por praias ao sul de Durban.
A chapa só começou a esquentar mesmo nas 2h finais, quando me ligaram do Sugarloaf.
“Olha, infelizmente, não tem mais lugar para você no shuttle. Pegue um minibus (lotação) de Mthatha para Mquanduli. Lá, você pega outro aqui para Coffee Bay”, disse a moça.
Achei aquilo bem várzea. Se fosse um hostel pé de chinelo, beleza, entenderia. Não gostei. Com meus 12% de bateria, peguei o telefone do hostel de Port St. Johns – também na Wild Coast. Liguei e, em poucos minutos, tinha transporte e cama pra dormir.
O ponto de encontro seria o mesmo posto Shell, no mesmo bat-horário e o bat-tempo de viagem seria igual. Segue o jogo.
MTHATHA
Em alguns mapas, seu nome aparece como Umtata, mas não priemos cânico. É o mesmo lugar. Trata-se de uma cidade bem feinha e importante para a região. Tanto que tem até um aeroporto. Além de ficar do lado de Qunu, vilarejo onde Madiba nasceu e tem um Nelson Mandela Museum.
Para os viajantes, Umtata/Mthatha é relevante por causa do grande posto Shell que faz as vezes de rodoviária. Vans de hostels da Wild Coast (Coffee Bay, Port St. Johns e Bulungula, por exemplo) passam por ali para deixar e buscar hóspedes, e ônibus como o da Greyhound fazem o mesmo com passageiros.
Há uma lojinha de conveniência, banheiros e um caixa automático que costuma ficar sem dinheiro. Portanto, não dependa dele para sacar seus rand.
Já o Steers é o único lugar para comer algo condizente com a fome de estrada. O mundo não é perfeito.
Quanto à cidade mesmo, só tive chance de ver algumas ruas do seu caótico centro – que, curiosamente, tem até uma Igreja Universal.
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