Na press trip que realizei em maio de 2017, o safári que estava em nosso roteiro era no Hluhluwe iMfolozi Park. Localizado na província de KwaZulu-Natal, trata-se da reserva mais antiga da África do Sul.
Expectativa. Uma palavra que pode estragar encontros, jantares e relacionamentos. Ela também pode impedir que alguém aprecie ou valorize momentos extraordinários. Dá pra considerar ruim um game drive no qual você ficou a poucos metros de um grupo de seis ou sete girafas?
Os três dias de safári em Hluhluwe fizeram com que eu trabalhasse muito essa relação entre realidade e o que esperar. Afinal, os passeios pela savana eram longos, mas os encontros com animais não aconteciam com a mesma frequência que no Kruger National Park, por exemplo. Ainda assim, vivi algumas experiências que ficarão marcadas na memória.
Veja os outros posts sobre o Hluhluwe iMfolozi Park:
Aula de biologia
Eu era péssimo em biologia. De tirar nota zero. O primeiro game drive em Hluhluwe, entretanto, mostrou que a história no Ensino Médio poderia ser diferente. Se as aulas fossem tão interessantes quanto um safári, eu não teria sido um aluno tão bosta.
Falando nisso, achei curioso que muito do que nosso ranger, Theo, ensinava tinha a ver com… fezes. A marcação do espaço dos rinocerontes é feita através delas. E é nelas que os pesados mamíferos pisam para espalhar o cheiro por aí, aumentando seu território. E com encontrar as diferenças entre “rhinos”? Analisando as… É, você pegou a ideia.
Felizmente, nem tudo era relacionado a cocô. Pouco depois de começarmos o primeiro game drive, o guia parou o velho Toyota Land Cruiser (equivalente ao nosso Bandeirante) ao lado de uma árvore de milkyweed, a planta-balão. Ele explicou a importância dela para a reprodução das borboletas e contou que as crianças de seu vilarejo se divertem ao estourá-la – ela é oca e macia, não quebra. E ainda revelou o apelido informal daquele ser vivo: old man balls.
O ponto alto
O momento mais marcante daqueles dias em Hluhluwe não teve um céu cheio de tons laranjas ou os Big Five. Quer dizer, de repente, eles até poderiam estar por perto. É que achei legal quando Theo parou o Toyota em cima de uma ponte, quando a noite já havia caído.
Então, ele desligou o motor. E, nós, as câmeras e celulares. Na sequência, os sons da natureza foram crescendo. Ficaram tão altos quanto indecifráveis. A escuridão só não era total porque, acima de mim, estava o céu mais estrelado que já vi.
Isso aconteceu no primeiro game drive, que não foi tão “produtivo”. Vimos “apenas” rinocerontes, impalas e búfalos. Durante aquelas 3h, admito que senti tédio e sono em alguns momentos. No entanto, considerando a diferença para a minha rotina no Rio, será que dá pra chamar de ruim uma experiência assim?
O parque
Trata-se da área protegida mais antiga da África do Sul. Hluhluwe e iMfolozi eram dois lugares separados, mas foram unificados há algum tempo. Pelo que conversei com Spa, gerente do lodge Rhino Ridge, o primeiro se caracteriza pela presença de mais rinocerontes. Já no último, com uma vegetação mais aberta, há mais chances de se avistar felinos.
Outra diferença: apenas o lado de Hluhluwe conta com acomodações de luxo, “upper class”. Já as do iMfolozi são mais acessíveis.
Como chegar
O Hluhluwe iMfolozi Park se localiza a 3h de Durban e a 1h45 de Richards Bay – ambas possuem aeroportos.
Caso você se hospede no Rhino Ridge, sugiro que contrate um transfer para ir ao parque. Carros normais até chegam lá no lodge, mas vão sofrer nas irregulares estradas de terra que o cercam.
O blog viajou em maio/2017 a convite do Turismo Oficial da África do Sul e da South African Airways
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