O Hluhluwe iMfolozi Park reservou alguns momentos interessantes e até inéditos pra mim. O mais impactante, com certeza, foi o bush walk, um safári a pé pela região de semi-savana da província de KwaZulu-Natal.
Pegadas, temperatura do cocô, cheiros. Essa é a combinação inusitada que ajuda um ranger experiente a localizar um rinoceronte. É uma habilidade admirável, claro. E, também, assustadora, quando pensamos que ela também pode ser usada pro mal.
O mesmo talento que levou o nosso guia Nunu até um grupo de rinocerontes pode ajudar um caçador a localizar o mamífero de 4 toneladas. Isso ajuda a entender os números terríveis da caça furtiva que ameaça a sobrevivência desses animais.
Veja os outros posts sobre o Hluhluwe iMfolozi Park:
Preparação
Na noite anterior ao bush walk, tivemos um breve papo com Nunu. Ele não adiantou muita coisa. Quis fazer mistério. Deu apenas recomendações quanto às cores da roupas – tons chamativos eram ruins – e peças adequadas. Bermudas são melhores que calças compridas, pois estas fazem muito barulho ao raspar na vegetação.
Silêncio é ouro
Em uma manhã de, provavelmente, menos de 10 graus, Nunu nos buscou no Rhino Ridge. Dirigiu por alguns minutos e parou a pick-up na estrada, no meio do nada. Caminho sem volta.
Fiquei apreensivo quando ele nos reuniu, pedindo que formássemos uma roda, de mãos dadas. Pensei: “se tem que rezar, deve ser bem perigoso.”
Felizmente, era só uma espécie de ritual. Ele perguntou por que estávamos ali, e reafirmou seu respeito à natureza. Também deu as orientações de segurança: sempre ficar atrás dele, fazer silêncio absoluto e caminhar devagar.
Encontrando rinocerontes
Naquelas 3h30, caminhamos sobre a grama encharcada pelo orvalho, pisamos em muitas fezes e lama, atravessamos rios, desviamos de teias de aranha surreais no chão. Também me cortei bastante nos arbustos repletos de espinhos. É neste momento que preciso contar que Nunu faz tudo isso descalço.
Ainda na primeira hora, numa área de vegetação mais fechada, encontramos o primeiro rinoceronte. Segundo o guia, no entanto, ele estava incomodado. Por isso, quando notou nossa presença, foi embora, fazendo o chão tremer.
Depois de andar muito, encontrando até pegadas de leões e búfalos, chegamos a um trio de rinocerontes. Mais dóceis, eles não deram muita bola para o nosso grupo. Foi possível chegar bem perto e fazer as fotos mais “National Geographic” da vida.
A aventura que começara com um belo nascer do sol na semi-savana valeu a pena. Apesar de alguns momentos de apreensão, é inevitável se sentir integrado à natureza. Sem falar que, ficar tão exposto, a menos de 100m de um grupo de rinocerontes, proporcionou uma dose de adrenalina parecida com a do Big Rush de Durban.
Serviço
Contratamos o bush walk com o próprio Nunu durante a estadia no Rhino Ridge.
Em maio de 2017, custou 580 rand, preço que vale até 31 de julho. A partir de 1º de agosto, o valor subirá para 670 rand.
O blog viajou em maio/2017 a convite do Turismo Oficial da África do Sul e da South African Airways
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