Afinal, há coisas para se fazer em Port Elizabeth? Demorei três anos para voltar à cidade e descobrir que a resposta é sim.
Palco de eliminação do Brasil na Copa, Port Elizabeth não conta com tantas atrações quanto Cape Town, mas tem suas qualidades
(post atualizado em 4/5/2018)
A passagem por Port Elizabeth em 2014 foi surpreendente. Traumatizado pela Garden Route complicada de 2011 e achando que não encontraria nada de bom para fazer, cheguei preparado pra passar um dia de tédio antes de seguir viagem. Porém, dessa vez, com mais tempo e bem acompanhado, a história foi diferente.
Roteiro
Uma ideia para encaixar Port Elizabeth no seu roteiro é incluir a cidade na Garden Route. Você pode, por exemplo, voar de Joanesburgo até lá, pegar um carro no aeroporto e dirigir pelo litoral até a Cape Town.
Naqueles cerca de 750 km de estrada, há muitas atrações pelo caminho. Se puder, separe, no mínimo, uma semana para a trip.
Outra opção é aproveitar a comodidade do Baz Bus, um serviço de hop on/hop off que passa por Joanesburgo, Durban e Cape Town, parando em dezenas de cidades no caminho.
Por que parei em Port Elizabeth
Eu havia pego o Baz Bus em Mthatha, após deixar Coffee Bay, e foram umas oito horas de estrada até PE. A cidade é parada obrigatória do ônibus de hop on/hop off. Não tem jeito. Ele só continua o roteiro na manhã seguinte.
Para não ficar me cansando em estradas, sem aproveitar a viagem direito, decidi estender a estadia em Port Elizabeth. Achei melhor passar um dia passeando por lá antes de seguir para Jeffreys Bay.
E se na Garden de 2011 minhas companhias eram quatro alemãs que, a partir de um certo ponto, só falaram em alemão, em 2014 explorei Port Elizabeth com uma amiga… alemã. Era a Katharina, que conheci no Baz Bus que partiu de Coffee Bay. Fomos os únicos a ir pro hostel Lungile e, coincidentemente, ficamos no mesmo dorm.
Pinguins
Pegamos um táxi para a SANCCOB, localizada na região do Cape Recife, não tão longe dali. Curiosamente, o taxista era moçambicano. Assim, acabei conversando com alguém em português pela primeira vez em vários dias.
Anteriormente conhecida como SAMREC, a Fundação Sul-Africana de Conservação de Aves da Costa trata, em sua maioria, pinguins. Como não recebe muito apoio do Governo, acaba sendo mantido basicamente por doações. E uma das formas de ajudar é adotando uma dessas aves marotas.
Tudo começa com um tour pelas instalações, em que a diretora fala sobre o lugar e mostra pinguins recebendo tratamento. Praticamente, uma aula de biologia. Naqueles 20 minutos, aprendi mais do que nos três anos de Ensino Médio. Acredito que esta parte seja mais interessante pra crianças.
O próximo passo é a área externa, onde ficam as estrelas da SANCCOB. Eles dominam um grande tanque, onde também havia uma grande ave branca com asa quebrada. Meses depois, descobri pelo Instagram que ela se recuperou e fora liberada.
Um pinguim se destacava. Isolado, não saía do canto e parecia ter um tique nervoso, mexendo a cabeça de forma estranha. “Ele tem um dano cerebral. Já o soltamos no mar uma vez, mas o resgatamos tempos depois. Agora, fica por aqui”, disse a diretora.
Passeio por Port Elizabeth
O relógio estava de bem com a gente: já eram 11h da manhã. Conseguimos matar quase duas horas na SANCCOB! Partimos, então, para um minitour de táxi.
Primeiro, uma parada no estádio – precisava de uma foto para incluir o Nelson Mandela Bay na minha lista. Foi nele que o Brasil perdeu para a Holanda na Copa do Mundo de 2010. A derrota por 2 a 1 nas quartas de final eliminou os comandados de Dunga.
Em seguida, quis mostrar o Donkin Reserve à Kat. Eu havia passado por lá em 2011, quando o local estava em obras. Na volta, com tudo pronto, achei bem bonito.
O parque conta com uma pirâmide e mosaico feito no chão, ao lado de um farol. Outra atração é o monumento Voting Line, que faz referência à democracia sul-africana. Entre a fila de eleitores e a imagem do Nelson Mandela com o punho erguido, há um espaço para que você interaja e se sinta parte da “Nação Arco-íris”.
Além disso, o lugar tem um mastro bem alto com a “maior bandeira da África do Sul”, segundo o taxista. “Ela cobre uns quatro carros”, afirmou.
Cerveja, pizza e… falta de luz
Na volta, paramos pra comer algo na orla, perto do hostel. Escolhemos o Beershack: várias opções de cerveja, mesa na varanda, preço bom e comida boa. O que mais pedir? COMIDA. Isto porque a luz acabou assim que chegamos e os fornos não operavam naquelas condições.
Sem eletricidade, o jeito foi me encher de ótimos rolinhos primavera. Depois, com tudo normal, matamos uma excelente pizza. Para acompanhar, uma tábua com quatro cervejas. Lembro de duas: Jack Black e Naked Mexican. Naquele ponto, eu já estava oficialmente de bem com Port Elizabeth.
Praia
Fomos nos trocar no hostel e partimos pra King’s Beach, naquela mesma área. Finalmente, mergulhei no Oceano Índico. O timing foi perfeito, já que, logo que saí da água, começaram a aparecer diversas caravelas monstruosas pela areia.
Curti aquela praia. Não tem uma vista espetacular, mas também não é feia. Vi gente jogando futebol, correndo pelo calçadão. Definitivamente, uma área bem agradável de PE.
Já o “after” foi no Boardwalk, um complexo com hotel, diversas opções gastronômicas e até cassino. Também fica na orla, a uns 10 minutos de caminhada da área do hostel.
Consegui me cansar em Port Elizabeth. Uma tremenda surpresa. Dia cheio, leve, divertido. A cidade se redimiu. Não havia como chegar a Jeffreys Bay de mau humor.
Safári
A principal opção de safári nos arredores de Port Elizabeth é o Addo Elephant Park. Algumas agências fazem até um combinado incluindo esse parque e a reserva Schotia.
Para saber mais sobre o Addo, veja os posts de quem passou por lá, como o do Mochilão Trips e o do Mala de Viagem.
Onde ficar em Port Elizabeth: Lungile
Minha amiga Clara recomendou esse lugar que, realmente, é um ótimo hostel. Bem aconchegante, tinha a cama mais confortável da viagem de 2014. Um grande presente após tanto tempo de estrada.
A única frustração foi combinarem o braai muito em cima da hora. Não vendia carne por perto. Logo, não havia como participar. O esquema é diferente do nosso churrasco… Cada um leva o que come.
Lungile: pontos positivos
Localização: Perto da praia, a poucos metros de um posto de gasolina com loja de conveniência, McDonald’s e Nando’s. Para ir a um Pick n Pay, melhor pegar um Uber.
Instalações: Tudo funcionando. Banheiros limpos e áreas de convivência com várias coisas para passar o tempo. Tem até piscina, mas não cheguei a entrar. Estacionamento amplo.
Wi-fi/tomadas: Internet rápida, pegando bem em todo o hostel. Tomadas em bom número nos quartos. Eles têm adaptador pra emprestar.
Toalha: Emprestam!
Staff: Gentil e eficiente.
Lungile: ponto negativo
Café: Acho que a única coisa que me quebrou foi não oferecerem café da manhã (nem pago). Sem nada na mochila, tive que ir apelar para o McCafé da esquina.
Veja também:
Serviço
Baz Bus
O serviço de hop on/hop off vai de hostel em hostel, sendo a forma mais cômoda de viajar pelo país. Ideal para mochilões. Veja mais detalhes no site oficial.
SANCCOB
Entrada: 30 rand (adultos)/20 rand (crianças)
Endereço: Cape Recife Nature Reserve, Marine Drive – Port Elizabeth / Site
Nelson Mandela Bay Stadium
Tours guiados: Realizados às segundas, quartas e sextas, entre 11h e 15h. Reservas pelo telefone 041 408 8900.
Endereço: 70 Prince Alfred Rd, North End, Port Elizabeth / Site
Donkin Reserve/Monumento Voting Line
Endereço: Belmont Terrace – Donkin Street, Port Elizabeth
Shopping/hotel/cassino Boardwalk
Endereço: Beach Rd, Summerstrand, Port Elizabeth / Site
Hospedagem: Lungile Backpackers
Quartos privados a partir de 440 rand; cama em quarto coletivo a partir de 180 rand (preços em 4/10/2017).
Endereço: 12 La Roche Drive. Humewood, Port Elizabeth / Site
Transporte
Port Elizabeth é uma das cidades sul-africanas atendidas pelo Uber.
Táxi: Em 2014, chamei um táxi da Kingcab. Tel: 041 368 5559.
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