Diário do intercâmbio: Everybody is on the table (mountain)

Esta terça-feira foi feriado nacional aqui na África do Sul. Eu e meus amigos resolvemos descer a Table Mountain a pé.

Para quem não sabe, este é o principal cartão postal da cidade e é um dos concorrentes da nova edição daquele concurso de novas maravilhas do mundo.

Para chegar lá, pegamos um “big taxi”, uma minivan com capacidade para sete passageiros. Não é tipo as Kombis que vemos no Rio, aquelas que tem um cara gritando na porta: “PRAÇA QUINZE-BENFICA, QUEM VAI? QUEM VAI?”. Como eu disse, trata-se de um taxi mesmo, só que com mais lugares.

Para chegar ao topo da TM, compramos o ingresso “one way” (apenas ida), que custou 95 rands. Idosos e menores de idade têm desconto todos os dias. Já os estudantes, apenas na sexta.

A rápida subida é feita através de um bondinho parecido com o do Pão de Açúcar. Só que ele é redondo e a janela fica girando, para que todos possam tirar fotos das duas janelas que ficam abertas.

O topo é muito grande e cheio de pedras. Vá preparado para o frio, já que nevou nesse lugar na madrugada de domingo para segunda. Hoje, no entanto, havia apenas um vento gelado.

Segundo o pessoal que está aqui há mais tempo e já foi na Lion’s Head (uma montanha próxima), a vista da TM é menos vertical. Nela, é possível ver todas as áreas relevantes da cidade.

Quanto à descida, muita calma nessa hora. Há centenas de trilhas possíveis, com vários graus de dificuldade. Evite as mais desertas, pois há relatos de assaltos.

MARATONA VERTICAL

Para descer a montanha, levamos cerca de quatro horas. Nosso objetivo inicial era ir até Camps Bay, um caminho que levaria cerca de duas horas. Entretanto, cruzamos com aventureiros que não recomendavam esta opção. Diziam que o grau de dificuldade era extremamente alto, muito arriscado para iniciantes. Além disso, o local tinha placas alertando para o perigo daquela trilha.

Se estou vivo, digitando este texto, é óbvio que demos meia-volta. Optamos por um caminho que terminava no Gardens, um bairro nobre, cheio de mansões.

Muito cuidado se você escolher esta opção. Nada de mochila pesada ou roupas que limitem os movimentos. Não esqueça da água (muita água!) e de algo para repor energia (barra de chocolate, peanut butter etc).

E paciência. Meus treinos longos de corrida não são nada perto dessa experiência, que durou cerca de três horas. Uma descida sem fim, com muitas pedras soltas ou escorregadias. Admito que tropecei várias vezes e estava com medo de levar um tombo sério, cair de cara na rocha, algo do tipo.

Eu e uma amiga não conseguimos acompanhar o grupo e mantivemos nosso ritmo lento. Não adianta correr se você for inexperiente. É preciso estar atento e forte, já dizia o poeta. Não subestime nenhum trecho, pois o risco de acidente existe.

Com paciência e tomando estas precauções, prepare-se para uma sensação incrível de dever cumprido no final. Ah, e claro, para o melhor banho de sua vida. Nem o Cascão resistiria.

ALÔ, COMANDANTE HAMILTON

Durante a descida, dois eventos mostraram o quanto essa montanha é perigosa. Em um ponto, uma pedra saiu rolando e, felizmente, não atingiu ninguém.

Já na metade do caminho, ouvimos uma mulher pedindo socorro. Foi uma péssima sensação ouvir aquele “heeeeeeelp” ecoando pela montanha, sem ter como ajudar.

A ambulância chegou cerca de uma hora depois, quando já estávamos no Gardens. Um helicóptero veio logo em seguida. A aeronave foi até o ponto onde estava a vítima e a levou para o pé da montanha.

JABÁ

Para saber mais sobre Cape Town, vá ao blog da Débora, que escreve melhor que eu, tem histórias bem melhores e sabe tudo sobre essa cidade.

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