Big five, safáris e Kruger: a tática Zeca Pagodinho

Uma das receitas para sair feliz de um safári na África do Sul é não condicionar sua satisfação à presença dos big five (leão, elefante, búfalo, leopardo e rinoceronte). Há muitas outras coisas acontecendo ao seu redor, e elas, às vezes, podem impressionar mais do que avistar um animal raro.

Não tenho a pretensão de dizer como você deve fazer a sua viagem. Cada um com seu cada um, cada um no seu safári. Gosto é gosto. No entanto, acho que uma tática interessante para se adotar em um game drive – o passeio para avistar animais – é a Zeca Pagodinho: deixe a vida (e o jipe) te levar.

Loteria

Safári é loteria. Esta máxima que criei pode ser um primeiro passo para não se frustrar caso você não encontre os cinco animais-celebridade. O Kruger National Park, por exemplo, é do tamanho do País de Gales. Logo, não é garantido que, no espaço que o turista visita, apareçam leões, elefantes, búfalos, leopardos e rinocerontes. Como não estamos falando de um zoológico, é uma questão de sorte acima de tudo.

Digo isso porque até consegui achar os big five nos meus três game drives pelo Kruger em novembro de 2014. Só que, no caso do raríssimo leopardo, vi apenas a ponta do rabo. Contou pra lista, mas… foi uma ponta de rabo.

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Valeu a pena?

Como falei nos meus posts sobre o Kruger, aqueles dias me deixaram bem satisfeito. Fiquei muito triste ao ir embora. Foram momentos especiais não apenas pelos big 4,2, mas também pelo pôr do sol incrível que vi no último game drive. O céu mudava de cor toda hora, que nem iluminação de estúdio.

Além disso, saí do parque encantado com todos os serumaninhos que apareceram: as aves de cores chamativas que paravam na porta de “casa”; o dung beetle, besouro que empurrava uma bolinha de bosta savana adentro; os 552 antílopes diferentes que descobri; o rasante da águia que caçou um rato; os passos elegantes das girafíneas.

Fora dos game drives, a vida também era boa. Eu gostei demais dos jantares animados na tenda, regados a vinho e ótima comida, reunindo gente de todos os cantos e idades. É, dá saudade.

Existe safári ruim?

Pode até existir. Mas, acho que, na maioria das vezes, é uma questão de ponto de vista. Por exemplo, eu saí da reserva Botlierskop encharcado pelo temporal e bem decepcionado. Vi apenas uma girafa, algumas dezenas de zebras, dúzias de bonteboks, alguns gnus e uns três leões. Ah, e uns cinco rinocerontes. E quatro springboks e um impala negro – bem raro, por sinal. Sobrou pra mim o bagaço da laranja, pensei.

O próprio ranger explicara que o clima e a vegetação de Mossel Bay, bem diferentes da região leste do país, eram os motivos da ausência de alguns dos big five.

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Com o tempo, fui entendendo que era mesmo uma questão de perspectiva. Ter visitado o Kruger no ano anterior elevou demais meus padrões. A ponto de não enxergar o lado extraordinário daquela situação. Quantos safáris eu fiz na vida? Com que frequência eu faço game drives? Quantos bonteboks eu vejo passeando pela ciclovia do Maracanã ou pastando na Teodoro da Silva?

Por isso, não importa o parque ou a reserva que você escolha. Não é crime optar por uma alternativa aos famosos Kruger, Sabi Sabi ou Kapama. Também dá pra ser feliz fora desses lugares. Deixe-se surpreender. O importante é ter em mente que nenhum game drive será de novo do jeito que outro foi um dia. Há tanta vida lá fora.

Veja também:

Kruger National Park – Como reservei meu safári

Kruger National Park – Como foram os game drives

Safári perto de Durban: Hluhluwe iMfolozi Park

Bush walk em Hluhluwe

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