Diário do intercâmbio: Mergulho com tubarões

O mergulho com tubarões era o ítem número 1 da minha “to-do list” e fez juz à toda a expectativa criada. É difícil descrever a emoção de ver aquele animal tão perto.

É óbvio que algumas pessoas dirão que é perigoso, sem sentido, que é nojento usar aquela roupa e, claro, que muita gente passa mal. É claro que há um risco, o traje pode, sim, estar encharcado e eu mesmo vomitei no barco. Mas valeu muito a pena, e eu faria de novo.

Rumo a Gansbaai

Eu agendei meu mergulho na White Shark Ecoventures e fiquei satisfeito. Eles te buscam em casa, oferecem café da manhã e almoço. Durante a viagem, o dive master (que também dirige a van) vai contando a história dos lugares por que passamos na estrada. Foi aí, por exemplo, que soube as informações usadas no post sobre townships.

Após cerca de 2h de estrada até Gansbaai, somos levados a um salão onde tomamos café, assinamos o termo de responsabilidade e participamos de um pequeno briefing. Nele, ouvimos sobre detalhes do mergulho, comportamento dos tubarões etc.

Também entendemos porque Gansbaai tem a fama de capital mundial do shark diving. A proximidade e a quantidade de animais são as grandes vantagens desse lugar. Na cidade australiana de Adelaide, é preciso navegar por dois dias para encontrar os tubarões.

Mergulho

Fiz parte do segundo grupo do dia. Ok, os trajes de mergulho estavam encharcados (e congelantes), mas o resto estava perfeito: céu limpo e visibilidade por volta de 4m na água. Quer dizer, para o dive master, isso era muito bom, pois não saberíamos de que lado o tubarão viria.

Deixamos a terra firme e o barco parou após uns 10 minutos. Em questão de segundos, chegou o primeiro bicho. Aquele movimento da cauda hipnotiza. Todo mundo fica com cara de idiota, balbuciando as besteiras de sempre. “Ohhhh”, “Oh, my God!”, “Shit…”.

Eu e meus dois amigos fomos os primeiros a entrar na água. Enquanto os tubarões não apareciam, perdi a luta contra o clichê, e cantei a música-tema de “Tubarão”. Desculpa, mas é inevitável.

A gaiola tem capacidade para cinco pessoas. Você segura uma barra que fica a uns 20 cm da grade. Por isso, suas mãos não são mordidas. Já os pés ficam apoiados na parte de trás. Eu estava muito agitado, e não conseguia controlar meus movimentos. A água estava muito fria (14 graus), mas acho que eu tremia de ansiedade. Não parava de falar palavrões e esquecia de respirar ao mergulhar. Me senti um idiota por beber tanta água do mar.

Shark time! O dive master grita: “DOWN!”. Você mergulha, fica perdido, olhando para todos os lados, até vir aquele animal gigante. O maior deles, de uns 5m, passou da esquerda para a direita, meio devagar. Parecia um trem, não acabava nunca.

Frio na barriga. Fiquei paralizado. De queixo caído (e tome água salgada!). Reparava nos olhos, nas cicatrizes, os detalhes da pele… O suspense ficava por conta da reação dele. Será que ele vai voltar? Sacudir a cauda? Morder a gaiola?

Para a minha sorte, todos os tubarões que apareceram estavam calmos. Segundo o dive master, ele nem sabia que tinha gente ali.

Raul!

– Graças a um swell, o barco balançava demais. Voltei da água e comecei a me sentir mal. Nessas horas, o certo a se fazer é olhar para o horizonte. Fui para o outro lado e tentei ficar melhor. Mas aí uma inglesa chamou o Lord Raul e não me contive…
– Aprendi muito sobre tubarões. Embora já soubesse algo após assistir Discovery e Animal Planet, nada se compara à aula prática.
– Semana passada estive em Plettenberg, em uma das paradas da minha desastrosa Garden Route. Dias antes, um homem morreu após ser atacado por tubarão.
– Ok, ataques acontecem. Mas é fruto da curiosidade desse animal. Ele é apenas um curioso: morde as coisas para saber do que elas se tratam, e vai embora. Não somos uma refeição prática ou nutritiva para o tubarão. Temos muitos ossos, e isso dá muito trabalho para ele.
– Na volta, ainda em Gansbaai, paramos em um ponto para observar baleias.
– A White Shark Adventures oferece o aluguel de uma câmera digital à prova d’água. Custou, se não me engano, 150 rands (R$ 37). Como éramos três, ficou R50 pra cada um. E você leva o cartão de memória pra casa. É bem vantajoso.

Serviço

White Shark Ecoventures (site)
Tel: +27 21 532 0470

*Eu fiz a reserva em uma agência na Long Street, ao lado do Marvel’s. A confirmação do passeio veio minutos depois, via SMS

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